quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sera que morri?

Eu havia deitado para dormir como de costume. Horário habitual, dia comum. Eu havia trabalhado durante o dia, ido a escola a noite e provavelmente feito alguma refeição ao chegar em casa. Li um trecho de um livro como de costume e dormi logo em seguida. Eu estava em torno dos 16/17 anos.
Apaguei.
De repente eu senti um solavanco no meu corpo e de repente estava em plena conciência. Flutuando. No espaço sideral. Eu nao entendia o que era aquilo. Afinal de contas era eu. Eu estava ali. Flutuando lentamente. Olhava para meus bracos e mãos que brilhavam. Achei bonito aquilo, diferente. Interessante. Mas peraí. Será que eu morri? Onde eu estou? Pensei e quando me dei conta que embora eu estivesse conciente aquilo nao era normal. Eu nao estava mais em minha cama e meu corpo mais leve do que o habitual, flutuava e brilhava. Eu so poderia ter morrido durante o sono e nem percebido.
A este pensamento veio o desespero, eu nao queria morrer, nao podia morrer e nem devia. Lembrei me dos meus sonhos, dos meus planos, da minha vida e de como eu gostava dela. Entrei em desespero. Novo solavanco. Meu corpo ainda pesado se encontrava na cama. Imovel. Retia o medo da morte. Tamanho foi meu desespero quando percebi que nao conseguia me mover. Por maior que fosse meu esforço minhas pálpebras lutavam contra a resistência de permanecer semi abertas ao menos.  Comecei a fazer uma oraçao pedindo a Deus que poupasse minha vida e me desse mais uma chance. Eu queria ser melhor e me sentir mais preparado para morrer. Estava interessado nas recompensas da vida eterna mas eu ainda nao havia me preparado para a morte. Recobrei meus movimentos. Agradeci a Deus por isso mas nao consegui dormir denovo. Tinha medo da morte se completar e não me ser concedida uma terceira chance. Fiquei pensando naquilo. Não tao assustado mais. Quem sabe tudo aquilo não foi so um pesadelo? Esse pensamento acalmava minha mente. Mas ao mesmo tempo outro me assombrava. Havia sido real demais, lúcido demais para ser somente um devaneio onírico. Preferi orar mais a Deus e esquecer o acontecido. Mas como negar para mim mesmo que era eu? La em cima. No meio do nada. Flutuando suavemente e ate sentindo muita paz antes de sentir medo.
Segui por alguns dias admirado, aterrorizado e calado. Nao queria tocar no assunto, mas no fundo estava curioso. Eu era religioso na época e nao queria tocar num assunto tão estranho como aquele. Estranho por jamais ter ouvido algo a respeito no conjunto das crencas que eu adotara.

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